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Imagem e biografia do poeta em:  https://pt.wikipedia.org/

 

GUILHERME DE AZEVEDO

(  Portugal  )

 

Guilherme Avelino Chaves de Azevedo (Santarém, 30 de Novembro de 1839 - Paris, 6 de Abril de 1882) foi um jornalista e poeta português.

Ligado à "Geração de 70", foi um dos representantes da poesia revolucionária introduzida no país por Antero de Quental ("Odes Modernas", 1865), tendo recebido influências ainda dos franceses Vitor Hugo e Charles Baudelaire. 

Em 1880, em consequência da fama conquistada como cronista mundano e político, o periódico carioca "Gazeta de Notícias" nomeou-o seu correspondente em Paris, função que desempenhou nos dois últimos anos da sua vida.
As suas poesias, reunidas nas três colectâneas "Aparições" (1867), "Radiações da Noite" (1871) e "Alma Nova" (1874), encarnam o novo realismo satírico de inspiração baudelairiana no país.

Com o pseudónimo "João Rialto" deixou vários escritos com elevado humorismo.

Em 1949 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o poeta dando o seu nome a uma rua junto à Avenida da Igreja, em Alvalade.

Obra: Aparições, 1867 (poesias); Radiações da Noite, 1871 (poesias);
Alma Nova, 1874 (poesias);Viagem à roda da Parvónia, 1879 (comédia).

 

[Trecho do livro “A Alma Nova”, de 1874]

 

I

 

Eu poucas vezes canto os casos melancólicos,
os letargos gentis, os êxtases bucólicos
e as desditas cruéis do próprio coração;
mas não celebro o vício e odeio o desalinho
da musa sem pudor que mostra no caminho
a liga à multidão.

A sagrada poesia, a peregrina eterna,
ouvi dizer que sofre uma afeição moderna,
uns fastios sem nome, uns tédios ideais,
que ensaia, presumida, o gesto romanesco
e, vaidosa de si, no colo ebúrneo e fresco,
põe cremes triviais!

Oh, pensam mal de ti, da tua castidade!
Deslumbra-os o fulgor dos astros da cidade,
os falsos ouropéis das cortesãs gentis,
e julga já tocar-te as roçagantes vestes
ó deusa virginal das cóleras celestes,
das graças juvenis!

 

Retine a cançoneta alegre das bacantes,
saudada nos wagons, nos cais, nos restaurantes,
visões d´olhar travesso e provocantes pés,
e julgam já escutar a voz do paraíso,
amando o que é de falso e torpe no sorriso
das musas dos cafés.

 

OH, tu não és, decerto, a virgem quebradiça
estiolada e gentil, que vem depois da missa
mostrar pela cidade o seu fino desdém,
nem a fada que sente um vaporoso tédio
enquanto vai sonhando um novo rico e nédio
que a possa pagar bem!

 

Nem posso mesmo crer, arcanjo, que tu sejas
a menina gentil que às portas das igrejas
enquanto a multidão galante adora a cruz,
a bem do pobre enfermo à turba pede esmola
nas pompas ideais da moda, que a consola
das mágoas de Jesus!

 

E nas horas de luta enquanto os povos choram
e a guerra tudo mata e os reis tudo devoram,
não posso dizer bem se acaso tu serás
a senhora que espalha os lânguidos fastios
nos pomposos salões, sorrindo a fazer fios
à viva luz do gás.

 

Tu és a aparição gentil, meia selvagem,
de olhar profundo e bom, de cândida roupagem,
de fronte imaculada e seios virginais,
que desenha no espaço o límpido contorno
e cinge na cabeça o virginal adorno
de folhas naturais.

 

Tens a linha ideal das cândidas figuras;
as curvas divinais; as tintas sãs e puras
da austera virgindade, as belas correções;
e segues majestosa em teu longo caminho
deixando flutuar a túnica de linho
às frescas virações!

Quando trava batalha a tua irmã Justiça
acodes ao combate e apontas sobre a liça
uma espada de luz ao Mal dominador:
e pensas na beleza harmónica das cousas
sentindo que se move um mundo sob as lousas
no gérmen duma flor!

Num sorriso cruel, pungente d´ironia,
também sabes vibrar, serena, altiva e fria,
o látego febril das grandes punições;
e vendo-te sorrir, a geração doente,
sentir cuida, talvez, a nota decadente,
das mórbidas canções!

 

Oh, voa sem cessar traçando nos teus ombros
o manto constelado, ó deusa dos assombros,
até chegar um dia às regiões da luz,
aonde, na poeira aurífera dos astros,
contrito, Satanás enxugará de rastos,
as chagas de Jesus!

Lugar à minha fada ó lânguidas senhoras!
E vós que amais do circo as noites tentadoras,
os flutuantes véus, os gestos divinais,
podeis vê-la passar num turbilhão fantástico,
voando no corcel febril, nervoso, elástico,
dos novos ideais!

 

 

*

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Página publicada em novembro de 2021

 


 

 

 
 
 
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